O velho Nélio Jovem.

Não sei se todo músico ou fã de música passou por essa situação, mas há algum tempo eu percebi que grande parte dos discos e músicos que eu gosto e ouço hoje me foram apresentados há vários anos. E eu não dei bola.

Foi assim com o velho Nélio, o Jovem.

E se você ainda está se perguntando quem diabos é Nélio Jovem, respondo já: Neil Percival Young, ou Neil Young, para os íntimos.

Ouvi falar dele pela primeira vez há uns bons doze anos. Meu tio era fã. Cheguei até a tocar uma música dele na época, “Like a Hurricane”, num festival de rock, provavelmente a primeira vez que subi num palco. Fato é que não me chamava a atenção. Talvez por eu tê-lo conhecido por causa de seu disco acústico, com toda aquela veia country e folk. Músicas com temas de violão, vocais suaves. Sabe como é, adolescente aspirante a guitarrista gosta mesmo é de porrada!

Curiosamente, mais tarde, tocando com uns amigos, descobri “Rockin’ in the Free World” e “Hey Hey, My My (Into the Black)”. Isso sim era porrada! Fiquei alucinado com aquele som. Era puro rock’n roll, totalmente cru. Perguntei quem tocava aquilo. Adivinha? Neil Young.

Não fazia muito sentido pra mim. Como aquele canadense que tocava violão, cantava suave e fazia solos de gaita inspirados no Bob Dylan podia, ao mesmo tempo, criar um rock’n roll coeso, pesado e cru?

Foi quando eu comecei a pesquisar a discografia inteira dele. E descobri o “Everybody Knows This Is Nowhere”, de 1969. E o “Harvest”, de 1972. E o “Zuma”, de 1975. E descobri também Crosby, Stills, Nash & Young. E Buffalo Springfield.

A carreira dele começou no final da década de 60, e eu só descobri isso quarenta anos depois? É, pois é. Essa é a desvantagem de ter nascido na década de 80.

Agora, além do meu tio, eu também era fã.

E, como fã, fiz algumas descobertas recentes e indispensáveis: os DVDs “Neil Young, Friends & Relatives live at the Red Rocks” e “Heart of Gold”, maravilhoso documentário, dirigido pelo cineasta Jonathan Demme, sobre um show da turnê do disco “Prairie Wind” (de 2005).

Neil Young me mostrou que o tempo passa e as coisas boas ficam. Embora a gente não perceba.

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17 Comentários

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17 Respostas para “O velho Nélio Jovem.

  1. rafaeljpc

    só falo uma coisa….. cathedral é uma das musicas mais animais que eu conheco…. apesar que ainda preciso pegar a letra dela.

    Curti também a apresentação dele no live8 de toronto.

    O cara é foda…..

  2. Crotti

    Cara, você é um sujeito cheio de surpresas !

    E todas elas estão vinculadas ao seu talento Artístico !!

    Continue meu Brother, continue !

    Um abraço do seu velho Crotti Jovem e parabéns por mais esse texto !!

  3. tarsio

    Curioso… conheci Neil por “Hey Hey my my”, e acho que pelo Pearl Jam (isso lá pelos meus 15, 16 anos). Legal, o cara era uma lenda… o famoso “pai do grunge”. Me lembro do show visceral dele no Rock and Rio, num palco cheio de velas e carrancas. Nelio e o Cavalo Selvagem. Mas eu fiquei fã do cara um dia em específico, dirigindo (sempre) prá casa, domingo numa noite chuvosa, rolou “Harvest Moon” na rádio. E aquela voz frágil, tão sensível quanto amadurecida realmente me chamou a atenção. E assim como você, fui conhecer o Harvest, O Harvet Moon, o Silver and Gold, CSN&Y, Buffalo Springfield (Again). Neil é o cara… o pai do grunge, ou de quem quer que seja. Ótimo texto, man!

  4. … engraçado como somos tão diferentes e com uma sintonia tão aflorada….. Pink Floyd, Los Hermanos, Neil Young, Dave Matthews, Coldplay são coisas que não estão no meu cardápio musical e é o que faz os teus passos….. Porém, quando nos encontramos, há uma sintonia, um respeito e creio que apenas em um ponto a gente se encontra de verdade: The Beatles!!!!!!!!

  5. Luana

    Parabéns pelo blog! Tá bem legal! Agora somos todos blogueiros…êêê! (o meu: http://www.ringocao.blogger.com.br – o merchandising eu pago depois, em cerveja)
    Vc vai escrever sobre o disco novo da Maria Rita, só de sambas???? hehehehe!
    Beijos

  6. Siqueira

    Grande Caio,

    Parabéns pelo blog. Ótima leitura.

    E nada de se sentir culpado por descobrir Neil Young 40 anos depois. Que bom que você está descobrindo os grandes mestres…Machado de Assis, Beethoven, Beatles são eternos porque transmitem sentimentos verdadeiros e universais. A minha esperança é que o ser humano não perca a possibilidade do encontro com este tipo de arte.

    Abraço, Siqueira

  7. ricardo

    Conheci o Nelio Jovem pelo Pearl Jam, os caras estavam fazendo uma canja da harvest moon. Achei a música do caralho e resolvi garimpar. Vi que o tal Nelio era bom mesmo.

    Mas essas coisas acontecem mesmo meu velho amigo irlandês. Comigo não foi diferente. Gente me mostrava coisas boas lá em um passado remoto e nebuloso, eu não dava a devida atenção e hoje curto muito.
    Pelo menos eu dei ouvidos quando me foram apresentados Hendrix, Creedence e Beatles.

    No fim das contas, não estou em débito com o Rock.
    hehehe
    Abraço e “keep on Rockin’ in”

  8. Dougrão

    Bom…nao vou comentar sobre música pq vou me sentir ignorante (de fato, eu sou).

    Mas este “foi me apresentado a 12 anos atrás” me deixou um tanto feliz…..nao sou só eu que to ficando velho (e careca)….voce também…

    E isso me faz pensar….se estamos ficando velhos…nossos idolos estão ficando mais ainda, já que eu não consigo gostar de muita coisa que surgiu depois de 70….no máximo 80…..

    Ainda bem que ídolos são imortais né?!?!….

    abraço!!!

  9. I call myself Dan

    Caioto, não se esqueça do genial “Live at Massey Hall 1971”, show solo, pouco antes do lançamento do “Harvest”.

    Zero porrada, much better ! 😛

  10. A música faz parte mesmo, heim?
    Tá jóia o blog, Caio!
    Escreve horrores de bem!

    rs..
    beijão!

  11. E aí Caio manolito – Caiolito –, bom?
    Belezuras esses textos, hein? Não sabia que você começou a tocar influenciado pelo Floyd…
    Eu tenho um dvd do Nélio Jovem que você vai pirar, cenas raras com o Crazy Horse, inspiração pura!
    Adorei os textos, continue!

  12. Hoje mesmo estava redescobrindo um disco dele que há tempos não ouvia, Rust never sleeps.

  13. Caio

    Valeu, pessoal!

    Leandro, Rust Never Sleeps é sensacional!
    Valeu pela visita.

  14. Silvio

    o Texto tá muito bom agora esta estória de Nélio
    não sei da onde vce tirou, sobre nome não se traduz amigo.abraço

  15. Caio

    Valeu, Silvio.
    Quanto o nome traduzido, é só uma brincadeira com o nome do mestre.
    Abraço.

  16. Antonio Carlos

    Valeu meu amigo, vi q vc entende do negocio, curto o yong desde minha juventude, o cara é bom
    mesmo.Abraço

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