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Contando histórias.

Há algum tempo que quero escrever sobre o Bruce Springsteen. Já ensaiei isso algumas vezes, mas ainda não tinha tido coragem. Não sei por que. Não faz tanto tempo assim que descobri a música dele, então eu ficava pensando que talvez eu precisasse entender melhor a mensagem por trás do que ele canta.

Eis que, num domingo à noite, pego o recém-chegado DVD “Bruce Springsteen VH1 Storytellers” e começo a assistir. The Boss toca “Devils & Dust”, começa a contar a história da música e explica a letra verso a verso. E eu soube que eu o conhecia melhor do que eu pensava. Pronto. Encontrei o que faltava para escrever.

Algumas coisas sempre me atraíram muito no formato do Storytellers: as histórias, naturalmente, e a informalidade com que elas são contadas. Além do fato de as músicas serem tocadas em versões acústicas, o que as aproxima da forma como elas provavelmente foram compostas.

Mas há algo de especial aqui. Bruce se entrega totalmente às canções que ele já tocou muitas e muitas vezes. Há um clima de verdade muito claro nas suas palavras, e nos acordes que soam do violão. E do piano, que é usado em “Jesus Was an Only Son” e “Thunder Road”, a última música, cantada por ele com lágrimas nos olhos.

“Eu estava pensando em tudo isso quando escrevi essa música?
Não.
Eu estava sentindo tudo isso quando escrevi essa música?
Sim, tudo isso.”

Essas foram as palavras do Boss ao final de “Devils & Dust” e “Thunder Road”. E são o motivo pelo qual eu, finalmente, resolvi escrever sobre ele.

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O velho Nélio Jovem.

Não sei se todo músico ou fã de música passou por essa situação, mas há algum tempo eu percebi que grande parte dos discos e músicos que eu gosto e ouço hoje me foram apresentados há vários anos. E eu não dei bola.

Foi assim com o velho Nélio, o Jovem.

E se você ainda está se perguntando quem diabos é Nélio Jovem, respondo já: Neil Percival Young, ou Neil Young, para os íntimos.

Ouvi falar dele pela primeira vez há uns bons doze anos. Meu tio era fã. Cheguei até a tocar uma música dele na época, “Like a Hurricane”, num festival de rock, provavelmente a primeira vez que subi num palco. Fato é que não me chamava a atenção. Talvez por eu tê-lo conhecido por causa de seu disco acústico, com toda aquela veia country e folk. Músicas com temas de violão, vocais suaves. Sabe como é, adolescente aspirante a guitarrista gosta mesmo é de porrada!

Curiosamente, mais tarde, tocando com uns amigos, descobri “Rockin’ in the Free World” e “Hey Hey, My My (Into the Black)”. Isso sim era porrada! Fiquei alucinado com aquele som. Era puro rock’n roll, totalmente cru. Perguntei quem tocava aquilo. Adivinha? Neil Young.

Não fazia muito sentido pra mim. Como aquele canadense que tocava violão, cantava suave e fazia solos de gaita inspirados no Bob Dylan podia, ao mesmo tempo, criar um rock’n roll coeso, pesado e cru?

Foi quando eu comecei a pesquisar a discografia inteira dele. E descobri o “Everybody Knows This Is Nowhere”, de 1969. E o “Harvest”, de 1972. E o “Zuma”, de 1975. E descobri também Crosby, Stills, Nash & Young. E Buffalo Springfield.

A carreira dele começou no final da década de 60, e eu só descobri isso quarenta anos depois? É, pois é. Essa é a desvantagem de ter nascido na década de 80.

Agora, além do meu tio, eu também era fã.

E, como fã, fiz algumas descobertas recentes e indispensáveis: os DVDs “Neil Young, Friends & Relatives live at the Red Rocks” e “Heart of Gold”, maravilhoso documentário, dirigido pelo cineasta Jonathan Demme, sobre um show da turnê do disco “Prairie Wind” (de 2005).

Neil Young me mostrou que o tempo passa e as coisas boas ficam. Embora a gente não perceba.

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