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O grande culpado.

Estou aqui hoje para fazer justiça. Vivo falando dos meus ídolos, dos caras que me influenciaram e influenciam. Mas esqueci de falar do maior culpado de todos. Do cara que me mostrou o que era música. Quem eram os Beatles. Quem eram John, George, Paul e Ringo. E quem era a “Michelle, ma belle”.

Estou falando do meu pai.

Ele foi guitarrista de uma banda chamada “The Batmen”, nos anos 60. Faziam versões de sucessos da Jovem Guarda. Depois disso, ele ficou muito tempo sem tocar. Casou-se com a minha mãe. Mudaram-se pra São Paulo. Fizeram minhas irmãs. Fizeram a mim. Voltaram pro interior. E só depois disso, meu pai voltou a tocar. Muitos anos mais tarde.

Eu devia ter uns três ou quatro anos, e na nossa casa tinha um quarto que era usado basicamente pra ouvir música, ler e estudar. Meu pai vivia ouvindo e cantarolando Beatles. Lembro de acordar um dia, entrar no “quarto do pânico” e dar de cara com ele tocando “Day Tripper”. E aí eu ficava lá, olhando e achando o máximo. “Pai, faz avião!”. E ele passava a palheta por toda a extensão da corda da guitarra, imitando o som de um avião. E eu caía na gargalhada. Adorava aquilo.

Acho que o primeiro disco que ouvi na vida foi o “1962-1966 (The Red Album)”. Mal sabia eu que, muitos anos mais tarde, isso faria tanta diferença. Tornei-me um Beatlemaníaco. Pior que meu pai.

Desde que comecei a tocar, ele sempre me deu todo o apoio. Comprou a minha primeira guitarra. E a segunda. E a terceira. A minha própria Fender Stratocaster! Culpa do David Gilmour, como eu já disse. No fundo, acho que ele sempre soube que a música era a minha grande paixão.

Obrigado, pai, por ter me apresentado à música, aos Beatles e à guitarra. Sem eles, eu não seria nada.
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(Da esquerda para a direita: Carlinhos Gadiani, Paulinho Bernardelli, Vanderlei Ribeiro, Sauro Corsi e Carlinhos Filipini).

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The Australian Pink Floyd.

Eu sou um sujeito ansioso. Bastante ansioso. Ansioso até demais, eu diria. E há duas semanas venho enfrentando uma enorme ansiedade, à espera do show do Australian Pink Floyd em São Paulo, que vai rolar na próxima semana, dia 5 de outubro.

Pra quem não sabe, o Aussie Floyd, como é conhecido, é a única banda no mundo que tem a autorização do próprio David Gilmour para fazer versões cover das músicas da banda inglesa. Gilmour, depois de ter visto um show dos caras, os convidou para tocar na festa de encerramento da turnê “The Division Bell”.

Eu tive a oportunidade de ver o show deles em 2005. Foi um belíssimo show.

Eu praticamente devo a minha vida guitarrística ao Pink Floyd. Em fevereiro de 1995, eu fui assistir ao show da banda do meu tio (sempre ele!), e eles tocaram “Wish You Were Here”. E foi depois de ver e ouvir aquilo que eu resolvi tocar guitarra.

Como sempre, fui atrás da música. Descobri vários vinis do Floyd perdidos lá em casa. Comecei a ouvir, ouvir, ouvir… e ouvir. E a tocar, tocar, tocar e tocar. Era muita informação pra alguém que acabara de descobrir a guitarra. Mas era maravilhoso, sutil e perfeito. Era aquilo que eu queria. E aquele som guiou minha evolução como guitarrista.

Além dos “meus” (a essa altura, eu já havia tomado posse) vinis, eu comecei a descobrir mais um monte de material através do Helder, meu vizinho e grande amigo. Passavávamos todas as tardes assistindo ao VHS do P.U.L.S.E. Juro, fizemos isso incontáveis vezes. Eu ainda tenho todas as passagens, viradas de bateria e solos de guitarra na memória.

Pink Floyd era o meu mais novo vício. E até o meu pai, Beatlemaníaco, começou a gostar do som. De tanto que eu ouvia.

David Gilmour foi o responsável por eu gostar de blues. E da Fender Stratocaster. E é um dos responsáveis por eu, até hoje, sentir vontade de tocar.

O Aussie Floyd é, provavelmente (e infelizmente), uma das únicas formas que eu tenho de chegar mais perto do universo musical criado pelo Pink Floyd. Na realidade, o mais perto que cheguei disso foi no último show do Roger Waters em São Paulo, mas essa história eu conto outro dia…

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escrito ao som de Bob Dylan – Queen Jane Approximately

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